A revista Notícias Magazine publicou hoje no seu site um fascinante e minucioso artigo de investigação sobre a história da família Ruah, uma das mais influentes e importantes famílias judaicas em Portugal.
Daniela Ruah é apenas um dos muitos membros ilustres e famosos desta surpreendente família.
Leiam, abaixo, excertos do artigo e cliquem em “ler mais” para ler o artigo na íntegra.
Por: Catarina Guerreiro
Fotografia: Arquivo da família Ruah e Gerardo Santos/Global ImagensUm fotógrafo de reis, vários médicos, um líder da comunidade israelita em Lisboa, uma Grã-Mestre da Maçonaria Feminina, uma actriz de sucesso. Esta é a história de uma família de judeus que se fixou em Portugal após a abolição da Inquisição, em 1821.
São uma das famílias mais influentes da comunidade judaica nacional. O médico Samuel Ruah costumava ser chamado à residência de Salazar e o seu primo Joshua foi o clínico de Álvaro Cunhal. O clã conta ainda com a actriz Daniela e com uma ex-grã-mestre da maçonaria feminina. Mas há muitas outras personagens fascinantes: um grande fotógrafo e um vendedor de pedras preciosas.
DANIELA RUAH – A AGENTE KENSI BLYE COMEÇOU NUMA NOVELA DA TVI
Quando Daniela Ruah tinha 2 anos, os pais perceberam que tinha jeito para ser artista. «Sempre que a mãe dela começava a bater ovos numa tigela ela, com o som que ouvia, começava logo a dançar. Nós achávamos imensa graça», conta o pai da actriz, Carlos Ruah. Daniela, que cresceu nos EUA, onde esteve até aos 6 anos, com os dois pais médicos, começou a aprender sapateado e depois em Portugal ainda teve aulas de ballet. «Mas sempre nos disse que o que queria era representar», conta Carlos Ruah. Em 2000 estreou-se como a jovem Sara, numa novela da TVI, mas nove anos depois já estava nos EUA, tornando-se a agente especial Kensi Blye na série policial Investigação Criminal Los Angeles, da CBS. Pelo meio fez alguns papéis em filmes, como Red Tails, de George Lucas. «Tenho sorte que o meu trabalho tenha tido visibilidade mundial», diz Daniela Ruah.
Daniela sempre sonhou ser actriz. Na sua infância, recorda o seu pai Carlos, em casa dos Ruah, fazia teatrinhos para a família ver: «Preparava um “espectáculo” na sala com os meus primos e obrigava os tios todos a ver.» Conviveu com primos e tios da família do avô paterno, Samuel Ruah, já a família do avô materno, Max Korn, morreu quase toda no Holocausto. Quando era mais nova frequentava o centro israelita e nunca escondeu que era judia. Nas gravações das novelas percebiam que era essa a sua religião quanto tirava o fiambre das sanduíches, por não poder comer porco. E, por coincidência, o primeiro papel que teve, aos 16 anos, na novela Jardins Proibidos, da TVI, era o de uma jovem judia. Foi depois estudar para Londres, regressou a Portugal, mas em 2007 foi de vez para os EUA . Ser actriz, acredita, até é capaz de estar no seu ADN: «Sempre ouvi histórias das peças de teatro em que os meus pais e avós participavam em novos. Uma avó fez de monstro em A Bela e o Monstro, cheguei a ver fotos. A outra avó foi chamada para ir para Hollywood por um produtor americano, quando tinha 14 anos. A minha bisavó não deixou!» E até o pai «cantou ópera com uma conhecida professora, até entrar para a faculdade».
Da geração mais nova, muitos dos Ruah estão agora a viver no estrangeiro, como Daniela, espalhando pelo mundo o nome de família, que em hebraico significa «vento». A atriz admite que fica contente por poder «propagar a imagem positiva» do apelido Ruah: «Tenho orgulho no meu nome.»